Monday, 27 October 2008

As raízes do "crack"


No fim de semana passado, li um artigo muito interessante no ABC (Jornal Espanhol), sobre as origens da crise em Espanha. Este artigo foi escrito por um economista experiente e consagrado chamado Juan Velarde Fuertes (ver foto anexa), membro da prestigiada "Real Academia de Ciencias Morales y Políticas".

Gostava de partilhar as ideias principais do referido artigo., que começa praticamente com a seguinte afirmação: ..."En el caso de España, se vivieron días de vino y rosas, como resultado de una financiación muy fácil"... concordo!

Um amigo também me dizia há pouco tempo: ..."eu não percebo nada de economia, mas parece-me que tudo isto (leia-se crise) se deve a uma errada política monetária"... e não deve estar longe da verdade.

Retomando as ideias do artigo, o autor chega a invocar economistas ditos classicos, como é o caso de Keynes, Eucken, Heidegger e Röpke, que já no passado abordavam teorias e conceitos, pelos vistos muito actuais, como é o caso do "corporativismo" e "intervencionismo", ou seja, o papel do Estado na gestão económica de uma Nação. Uns defendem uma maior intervenção do Estado, uma maior regulação, outros o contrário, mas todos estão de acordo que o mercado, neste caso o financeiro, deve ser mais transparante, para o bem de todos.

O autor frisava também que Espanha é dos países da EU onde se dá mais importância ao crédito para consumo.

Para o economista Juan Velarde Fuertes, esta "enfermidad" deve ser atacada em três frentes, 1) Regulação e Supervisão. 2) Desalavancagem do sistema financeiro. 3) Confiança. E terminava por dizer, ... "sólo con incremento en la liquidez, no se resolverá nada"...

Um professor "experto" nestas matérias chamado Torrero, dizia este mês numa conferência na Universidad de Alcalá sobre a crise financeira actual, ..."La alarma está siendo grande; las intervenciones públicas, contundentes; y el coste de la crisis para el contribuyente, elevadíssimo."...

Como dizia um grande amigo meu, economista e mestre em finanças: ..."está na altura de mudar de hábitos, consumir o essencial e poupar mais, porque se adivinham tempos difíceis"...

Thursday, 16 October 2008

Mais vale um pássaro na mão...



Segundo a Trim Tabs Investment Research, em Setembro os investidores retiraram cerca de 43 biliões de doláres de Hedge Funds americanos.

Este tipo de "redemptions" (resgate do dinheiro por parte dos clientes), pode criar um ciclo vicioso, resultando numa caída ainda maior do preço dos activos.

De forma a prevenir este desfecho, alguns fundos chegaram a suspender a cobrança de comissões, aos clientes que se mantiverem até Março de 2009.

Há quem diga que os mercados até Dezembro vão ser uma espécie de marcha fúnebre, especulando sobre o encolhimento da indústria dos Hedge Funds em cerca de 50%!
Convém salientar que esta indústria movimenta aproximadamente 2.000 biliões de dólares!!!

Analistas da JPMorgan Chase estimam que podem sair $150 biliões dos Hedge Funds durante o próximo ano, podendo chegar aos $400 biliões, na medida em que muitos destes fundos estão "alavancados" (contraíram dívida para investir).

É urgente restabelecer a confiança nos mercados, porque colocar o dinheirinho debaixo do colchão não é solução. Estamos numa altura ideal para comprar activos, bons negócios, empresas com vantagens competitivas duráveis, porque estão a preços de desconto, que não se vêem com frequência.

Recomendation: Buy!

The New Dollar!

Friday, 10 October 2008

Espera-se....ou melhor desespera-se

Espera-se neste altura por parte dos responsáveis políticos mundiais, alguma ponderação e serenidade.

Espera-se também alguma criatividade no sentido de encontrar as melhores soluções que incentivem os mercados e os investidores a voltarem a acreditar.

Espera-se que estejam por isso à altura das suas responsabilidades.

Assobiar para o lado e discursos optimistas conduzirão naturalmente a um maior descrédito.

Espera-se por isso que discursos verdadeiros, coerentes serão o melhor que nesta altura todos nós esperamos.

De fadas mágicas ou de ilusionismos, já todos estamos cheios.

Espera-se....ou melhor desespera-se

Bretton Wodds















Será que um novo Sistema tipo "Bretton Wodds" vai ser utilizado como mecanismo monetário internacional.

http://en.wikipedia.org/wiki/Bretton_Woods_system

Ou será que Berlusconi tem razão quando afirma que o G8 pondera encerrar por tempo indeterminado os mercados financeiros.

Será um Novo Mundo ... que está para nascer ?

La “Armada Invencible” se hundió


O IBEX 35 teve hoje a maior queda de sempre, rebentando o suporte dos 9.000 pontos, atingindo um mínimo de 8.835 pontos.



O índice espanhol está a cair cerca de 40% desde o início do ano.

As “big caps” espanholas estão a cair mais de 10%, começando a surgir oportunidades interessantes no mercado dos “nuestros hermanos”.
Vamos estar atentos a estas oportunidades!

Início das hostilidades

Este blog foi criado num ano especialmente interessante no que concerne aos mercados financeiros a nível mundial. Estes estão numa autêntica convulsão, muito se especulando se estaremos numa crise ainda pior que a Grande Depressão de 1929.

Esta crise que tem hoje como causas diagnosticadas a falta de liquidez e confiança nos mercados e o excesso de alavancagem (dívida) por parte das empresas e especialmente as instituições financeiras, pode ter sido desencadeada em 2006. Tudo poderá ter começado nos EUA com a concessão de crédito de alto risco (“subprime”). Os sucessivos “defaults” (falta de pagamento da dívida) arrastaram vários bancos para a insolvência, tendo repercussões nos mercados financeiros mundiais. O receio hoje é que este “crash” possa contaminar a economia real mundial. Estamos definitivamente numa crise financeira global de grandes proporções.

A primeira vítima desta crise poderá ter sido a New Century Financial, seguindo-se o banco britânico Northern Rock, Bear Stearns, "Fannie Mae" (Federal National Mortgage Association - FNMA), "Freddie Mac" (Federal Home Loan Mortgage Corporation - FHLMC), Lehman Brothers, AIG, Washington Mutual, Merrill Lynch, entre muitos outros.

Convêm sublinhar que o banco de investimento Lehman Brothers era uma instituição com mais de 150 anos de existência e um dos pilares financeiros em Wall Street, o que demonstra que não existem intocáveis.

Esta “cascata” de falências das instituições financeiras provocou a maior queda do índice Dow Jones desde os atentados de 11 de Setembro de 2001.

A Moody's e a Standard & Poor's não param de rebaixar o “rating” (classificação dos créditos) das empresas, devido às expectativas de novos prejuízos.

O Tesouro dos Estados Unidos aprovou com dificuldade o plano de salvamento no valor de 700 biliões de dólares, para comprar os chamados “Toxic Assets”.

O “Wall Street Journal” (WSJ) afirmou recentemente que esta ajuda não resolveria o problema fundamental da crise do sector imobiliário. Segundo o WSJ, o preço dos imóveis continuará a cair, na medida em que os fundamentais da economia – Consumo, Investimento, Produtividade, Emprego, Exportações – continuam em declínio.

Mas isto não será o fim e o “turning point” pode estar para breve. Já diz o antigo ditado popular “depois da tempestade vem a bonança”. É nestas alturas que se fazem bons investimentos, já que o mercado não distingue os intervenientes.

Para terminar deixo uma citação famosa do agora atarefado investidor Warren Buffett:
“Be fearful when others are greedy and greedy when others are fearful".